Van Gogh talvez seja o que mais intensamente bebeu sua arte, suas cores se exalando pelos poros, sua métrica perfeita nos ângulos tortos. Gênio, viveu sempre distante dos cegos dos sabores das cores. No entanto, desenhava-os, pintava-os com as cores do arco-íris, doando-lhes um naco de eternidade. Drummond, depois de ser vencido pelas ruas de ferro de Itabira, pintou em seus versos a cidade que não se pega, a cidade que se eleva. Agora, debaixo do coqueiro do Batistinha, aquele que não existe mais, descansa mirando o horizonte infindo sem o Pico do Cauê, que deixou no infinito o seu fantasma desolado.
Borges, que emprestou seus olhos prenhes de luz aos cegos, amargou a limitação da visão dos humanos. Diariamente, abria uma fenda no tempo e se encontrava com as maiores fábulas do universo. Em apenas um pequeno e minúsculo ponto, podia ver tudo que acontecia no mundo dos homens. Assim foi tanto, que a luz cegava-lhe a visão do imprescindível, da transcendência, da imortalidade. Fez sua escolha e deixou, em histórias, a sua glória. Agora, adormece dentro das páginas de seus livros, em todos os cantos do planeta, nas curvas da eternidade.
Como pequenos deuses, os grandes, os gênios, têm o poder de florir os campos de trigo, de converter o mais simples lírio em uma eterna e ensolarada manhã de primavera...
Um comentário:
Muito legal teu blog. Parabéns pelo trabalho!
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