sexta-feira, maio 30, 2008

Nada está terminado. O dia que acendeu nublado Pode terminar ensolarado. O pensamento redondo, Rolar quadrado. E o que adormeceu juntinho, Amanhecer separado. Nada está terminado. No tabuleiro da vida, Todo dia, Toda hora, Deus joga em nuvens O seu dado sagrado... Nada está terminado. A cada hora, O minuto, Um instante renovado. O segundo, Um mistério inesperado, Nunca, decifrado... Nada está terminado. Este poema no vento vai, Galopado, Ganhar mundo O verso que não foi pensado, Pois, Por mais que se tenha sentido, O universo é do que não foi arquitetado...

quarta-feira, maio 21, 2008

A grandiosidade dos gênios

A generosidade faz parte do gen dos grandes artistas imortais. Outros, menores, se perdem em suas redundâncias. Outros tantos, não estão à altura de seus talentos... Mas são artistas, deixam entalhados seus versos, suas músicas, sua arte e sua história nas páginas do tempo. Tantos anjos e arcanjos, com o pincel da eternidade, desenharam pensamentos na soleira do tempo. Estão aqui, ali e acolá, como as boas e coloridas páginas da vida. Por detrás de todos, o exemplo, a vida, aquela em que muitos se frustram e outros tantos se entregam.

Van Gogh talvez seja o que mais intensamente bebeu sua arte, suas cores se exalando pelos poros, sua métrica perfeita nos ângulos tortos. Gênio, viveu sempre distante dos cegos dos sabores das cores. No entanto, desenhava-os, pintava-os com as cores do arco-íris, doando-lhes um naco de eternidade. Drummond, depois de ser vencido pelas ruas de ferro de Itabira, pintou em seus versos a cidade que não se pega, a cidade que se eleva. Agora, debaixo do coqueiro do Batistinha, aquele que não existe mais, descansa mirando o horizonte infindo sem o Pico do Cauê, que deixou no infinito o seu fantasma desolado.

Borges, que emprestou seus olhos prenhes de luz aos cegos, amargou a limitação da visão dos humanos. Diariamente, abria uma fenda no tempo e se encontrava com as maiores fábulas do universo. Em apenas um pequeno e minúsculo ponto, podia ver tudo que acontecia no mundo dos homens. Assim foi tanto, que a luz cegava-lhe a visão do imprescindível, da transcendência, da imortalidade. Fez sua escolha e deixou, em histórias, a sua glória. Agora, adormece dentro das páginas de seus livros, em todos os cantos do planeta, nas curvas da eternidade.

Como pequenos deuses, os grandes, os gênios, têm o poder de florir os campos de trigo, de converter o mais simples lírio em uma eterna e ensolarada manhã de primavera...