terça-feira, agosto 03, 2010

Ela disse que era paisagem, Apontou o dedo E desfraldou a cidade. Esquinas em iguarias Além do surdo som das buzinas, O ar impregnado de tristezas e saudades; Vícios e vontades... No alto do edifício, Lá onde a vista não alcança E a luz do vento se faz sol que balança, Apenas uma flor desabrochou Na fresta do concreto armado. Desarmado, O tempo pousou na janela da primavera Querendo ser o instante também amado, Inesperado... Passou... A poesia chegou e ninguém notou, Faltou tempo, E os passos apressados, repetidos, solitários, calados e cansados, Compuseram a valsa do desencanto, Essa que o silêncio toca todos os dias, Quando em uma louca correria, Dançamos o inexplicável balé da vida...

2 comentários:

Anônimo disse...

"O tempo pousou na janela da primavera"
LIndo! sempre...
Muita Luz
Ana Coeli

doris disse...

...uma flor brotou na fresta do concreto armado ... enquanto houver alguma manisfestação de resistência ao compasso desvairado da louca correria do cotidiano contemporâneo(?) ainda nos reconhecemos seres dotados de alma.